Privar a humidade a um soneto
é deixá-lo sem graça e consequente
em ressequidas quadras, os tercetos
com versos muito enxutos. O soneto
quer-se molhado como o pão-de-ló,
esse de crosta leve como sol,
as gemas a tremer ainda moles
e um exótico cheiro a Jericó.
Assim. Com rima feita e reforçada
a escorrer pela sílaba a escansão,
a emoção bebendo a emoção
(e uns versos, já agora, um pouco mais:
uma espessura acesa como mel
e, da janela húmida de sais,
saída da banheira: Rapunzel,
sem escada, a cabeleira, a lado algum.)
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